sábado, 22 de dezembro de 2007

Desarmada

pela janela
um fiscal com seu radar
capaz de detectar velocidade
dos carros que mal vejo passar

do outro lado da rua
servidoras públicas munidas
de pequenos aparelhos
medindo intermináveis avenidas

e eu aqui,
completamente desarmada
com a minha, antes tão adorada,
reguinha colorida de 30cm.

sábado, 22 de setembro de 2007

Assustador.

não, não vou contar nenhuma historinha de horror...
o assustador desta vez é como as coisas se revelam diferentes do dia pra noite, sem dar aviso.

um dia tu pensa que a tua vida não significa nada, que ninguém significa nada pra ti, que na verdade só perdes teu tempo tentando fazer algo dar certo, ou não tentando... de forma alguma levantar todas as manhãs parece fazer sentido, nada parece aliviar os milhares de pensamentos negativos que martelam dentro da tua mente.
mas não pára por aí...
tu te convences de que precisa te acalmar e seguir como sempre fingindo que nada aconteceu e que estás perfeitamente bem e feliz... mesmo que isso vá te pesar muito, até imaginas a dor nas costas que virá de tanto arrastar esta mentira pra lá e pra cá... e vai pro mundo novamente, já que ficar contigo parece muito difícil.
e numa conversa que bem parecia banal tu, numa coisa boba, numa pequena coincidência, percebes que estás profundamente conectada a tudo... que o mundo faz, sim!, sentido e que fostes tola demais para perceber isto antes.
mas nada dos teus erros anteriores importa agora, viverás ao máximo até que este chão firme em que pisas estremeça como tantos outros antes fizeram... mas tu tens agora (exatamente como antes) a certeza absoluta de que, desta vez, nada vai desabar.

mas não seja covarde!!!!!!!
ele jamais permitiria que tu te demonstrasses uma covarde ;}
e é por isso que levantar vai fazer sentido amanhã de manhã...

sábado, 25 de agosto de 2007

musiquinhas dominam cérebro-modelo-ervilha.

eu passei a semana toda cantorolando esta adorável música e decidi registrar aqui pra ver se ela se contenta com este lugarzinho e me deixa pensar em outras coisas ;)
do 'poetíssimo' arnaldo antunes:

Saiba

Saiba: todo mundo foi neném
Einstein, Freud e Platão também
Hitler, Bush e Sadam Hussein
quem tem grana e quem não tem

Saiba: todo mundo teve infância
Maomé já foi criança
Arquimedes, Buddha, Galileu
e também você e eu

Saiba: todo mundo teve medo
mesmo que seja segredo
Nietzsche e Simone de Beauvoir
Fernandinho Beira-Mar

Saiba: todo mundo vai morrer
presidente, general ou rei
anglo-saxão ou muçulmano
todo e qualquer ser humano

Saiba: todo mundo teve pai
quem já foi e quem ainda vai
Lao Tsé, Moisés, Ramsés, Pelé
Ghandi, Mike Tyson, Salomé

Saiba: todo mundo teve mãe
índios, africanos e alemães
Nero, Che Guevara, Pinochet
e também eu e você

domingo, 12 de agosto de 2007

sexo com a cega no cinema

fiquei profundamente apaixonado por uma cega. seus olhos vazados eram de uma brancura descomunal, como se nuvens enublassem o céu de sua alma. gostava muito de olhá-la, principalmente porque ela não sabia que eu a olhava. fazia caretas e gestos obscenos, mas só quando estava de bom humor. a maior parte do tempo ficava vendo seus olhos brancos, incapazes de transmitir alegria ou tristeza.

às vezes passeávamos. eu a fazia bater nos postes, tropeçar nas calçadas e esbarrar nas pessoas, mas só quando estava de bom humor. a maior parte do tempo fingia que não a conhecia ou que a estava ajudando na travessia da rua. mas nossos passeios sempre tinham o mesmo fim. fazia sexo com a cega no cinema. não sei o que me seduzia, mas gostava de fazer sexo com a cega no cinema.

me ocorreu agora que eu fazia sexo com a cega no cinema porque as palavras combinavam; se ela fosse telepática, talvez eu a levasse ao teatro, para trepar com a telepática no teatro, ou se fosse coxa, eu a levasse à clínica, para comer a coxa na clínica; como ela era cega, então eu fazia sexo com a cega no cinema, mas só quando estava de bom humor. a maior parte do tempo eu brincava de cutucar seu corpo enquanto ela tentava agarrar meu dedo. às vezes não era o dedo.

outro dia ela me disse que prefere os filmes de terror.
acho que é por causa dos gritos.
pra mim tanto faz.





desde que me internaram aqui a cega nunca veio me ver.




essa semana me chamaram de traidora do movimento esse e aquele
como se fosse obrigação das pessoas seguir a risca as ideias das outras para que eles, juntos, possam formar um grupo
não tenham medo!!!
as coisas se ajeitam sozinhas, eu juro :)

quanto ao texto acima é uma das bolinhas de papel sobre as quais fiz tanto alarde um tempinho atrás
elas ainda não deixaram de me encantar


terça-feira, 31 de julho de 2007

E no fim a rotina volta pra mim...


sim, a rotina volta pra mim!
ué, mania essa dela pensar que eu sempre vou voltar pra ela... ela que volte pra mim dessa vez porque não sou palhaça! ;)

e hoje foi o dia do orgasmo e eu passei com os dois amigões queridos vendo o filme não-pornô mais pornô do mundo! tudo isso sem planejar nada, que maravilha :) adoro quando as coisas se arranjam sozinhas. em compensação deteeeeeeeeeeesto quando planejo e não dá certo ¬¬

acho que estou bem, obrigada pela DESpreocupação.

e como não tenho talentos literários posto uma imagem bem a minha cara xD
pra quem leu e gostou da Revolução do Bichos e pra quem é imbecil e precisa tomar nos dedos pra aprender que o mundo não é seu.





segunda-feira, 9 de julho de 2007

férias, saca?

felizmente estou de férias e cheia de nada pra fazer
então estou digitando o lindo livro das bolinhas de papel e em breve pretendo postá-lo na íntegra aqui pra que todo mundo possa apreciá-lo tanto quanto eu...
ou nem tanto, porque vocês não vão poder amassar a tela do pc cada vez que terminarem de ler um poema...mas enfim, eu tentei né ;)
enquanto isso não se concretiza todo mundo pode continuar lendo as minhas porcarias
ou não leiam, fiquem só entrando pra conferir se saiu o livro
e quem se importa?!



~~~~~~~*~~~~~~~
hoje comecei o dia esquecendo tudo
só não esqueci de mim
porque esqueci de fazê-lo!
e só anoto tão rápido assim
pra que não esqueça o que dizia
antes do fim.
deixei o ouvido e a boca em casa
saí sem sequer lembrá-los.
não honrei as promessas...
por puro desleixo, é verdade.
e, a qualquer momento,
me pegarei, boqueaberta,
surpresa com a realidade.
~~~~~~~*~~~~~~~




perco a fome
não prego o olho
prefiro a cama à rua
não atendo o telefone
só quero te ter de volta, tesãozinho.





sábado, 7 de julho de 2007

em homenagem a aquelas pessoas na minha vida que fazem tempestade em copos d'água
mas que quando se deparam com os verdadeiros problemas fingem que não viram ou ouviram...
pensam que é apenas uma das minhas infames piadinhas.


feriado...
10:36...
abrem a porta sem pedir licença
e aí tu acorda assustada
arregala os olhos
olha em volta procurando copos e cinzas
tudo bem, não há nada
não vão apontar pra ti e gritar
as verdades que não queres ouvir
e quando o teu coração parece diminuir o ritmo
"tu achas, por acaso,
que meu dinheiro é capim?!"
-ai meu deus!
o que eu esqueci??
e quem resolveu que o dinheiro
vale mais que o capim?-
"o ar ligado
e tu tapada de edredon!?
assim não dá, minha filha!"




deitei
e esqueci de morrer.

domingo, 1 de julho de 2007

o fim do final de semana

Antes de mais nada quero dividir uma bolinha do novo livro - sim, uma bolinha - cada página é uma bolinha de papel...vem todas dentro de um potinho, amassadas, embaralhadas...tais como as idéias que as originaram...

o sofrimento não vale a pena
acreditar não vale a pena
a revolta não vale a pena
nem a riqueza poderia valer

nada vale
não importa o tamanho da alma
nada vale

escrever não vale a pena
enlouquecer não vale a pena
nem valeria trabalhar
estudar ou trepar a noite inteira

às vezes vale se embriagar
pois a ressaca cheira à vida

o sofrimento não vale a pena
acreditar não vale
nada vale


enquanto o tempo imprime rugas em minha face
faço o que tenho vontade




aproveito pra recomendar o lugar superbacana em que encontrei este tesourinho: a livraria Zouk que fica ali na Garibaldi, no bom Bom Fim

veja bem, não sou carismática...e nem quero!

terça-feira, 26 de junho de 2007

Comienzo

o primeiro,
o que motivou tudo.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

ela entrou no metrô
cansada, nenhum assento vago
um turbilhão de idéias pouco lógicas martelando em sua cabeça
sempre perdida nas preocupações repara pouco na existência alheia
mas tem coisas que não lhe passam despercebidas nunca
como o espirro molhado e supersonoro que ela acabara de ouvir
e o reflexo imediato foi procurar a dona do espirro antes que se acabasse
uma mulher gorda
quarentona, cara de pouquíssimos amigos
parece preocupar-se pouco, pensar pouco
simplesmente puxa a revista que lia para junto do rosto e espirra nela
rapidamente vira duas páginas e segue lendo com toda a calma
para aquela mulher nada havia acontecido
mas para ela, que olha tudo como se fosse decisivo,
a situação fora degradante
ela tem vergonha do que a mulher fez
não, ela tem vergonha do que a mulher é
e de ser, também, uma mulher
detesta a displicência humana!
"Estação Canoas/La Salle"
sempre duvida das próprias conclusões
confere o mapinha em cima da porta
pois sim, estava certa
-yeah! só falta uma estação pra minha.-
e sorri.